Talvez eu viva para negar o estereótipo. Aparentemente, não pareço brasileira. Mas mesmo sendo de Pindorama e com muito orgulho, me dou o direito de não gostar de carnaval. E essa rejeição vem de , bom, outros carnavais, com o perdão do trocadilho pobre. O que sempre me incomodou foi a impossibilidade de evitar a "folia", palavra repetida no noticiário e ilustrada por sorrisos tristes ou compromissados com a obrigação de ser feliz porque o calendário avisa. Assim, um dos trunfos de sair do país de origem é exatamente poder escolher pular o carnaval ou não.
Aqui em Londres, o famoso e mundialmente conhecido carnaval de Notting Hill acontece em agosto, na quentura do verão londrino, bastante civilizado. Ainda assim, escolho ficar de fora, não só da corda, mas do bairro mesmo. A festa acontece desde 1966, quando imigrantes das colônias do império britânico na região caribenha, tentaram transportar pra cá um pedaço de casa. Hoje, o evento acomoda culturas do mundo todo, inclusive a nossa que é muito bem representada com samba no pé e a vasta comunidade brasileira que mora aqui. Uma curiosidade é que o carnaval de Notting Hill não acontece no mesmo período que a maioria dos carnavais no mundo, e não coincide com o calendário religioso cristão. Pra quem não se importa com folia, o carnaval daqui é muito conveniente. Se você não estiver em Notting Hill, só vai saber que é carnaval porque a BBC vai dar uma matéria de meio minuto.
Nada como saber priorizar! E eu sigo em festa, feliz na minha folia por estar do lado de fora da corda.