Na culinária grega, o que importa não é a ordem dos ingredientes e sim a harmonia em sua sequência. A posologia mediterrânea privilegia os efeitos prazerosos adversos que os pratos podem causar. Como filha e neta de gregos, arrisco dizer que, para eles, cozinhar é mais uma diversão do que uma tarefa a ser executada.
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À mesa, eles não conseguem oferecer um tipo de comida para seus convidados ou família. São dois, no mínimo, e três, a média. Se você não gostar de um, tem o outro. E ainda mais um para garantir que você está sendo bem tratado.
Não é do seu gosto? Eles podem preparar outro prato, afinal você pode não estar com fome naquele momento, mas ficará depois. Pronto.
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A fartura é posta. São batatas, berinjelas, tomates, pimentões, carnes variadas, dentre outros insumos culinários, transformados em moussakás, omeletes, ensopados, assados, risotos, massas etc.
Não há desperdício de comida, mas reaproveitamento em um novo prato. Quanto às sobremesas, repousam nas castanhas e frutas secas a responsabilidade de selar o paladar dos convivas. Regados com mel ou maple syrup, os doces neutralizam os salgados e apuram o paladar para receber os digestivos.
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À base de anis, o ouzo pode ser consumido durante ou após as refeições, puro ou com algumas gotas de limão, o que o deixa mais leitoso e suave. Retsina, uma espécie de vinho branco dos deuses, é servido em jarrinhas para lembrar que o prazer só é completo se apresentado da forma mais simples possível. Como vemos, certas belezas se põem à mesa. Algumas delas, os gregos servem com primor.
Paula Dume é jornalista, tradutora e editora de livros.