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Falta de educação

Atualizado: 12 de out. de 2019


Estava aqui fazendo a torrada dos meus filhos enquanto a BBC falava sobre um programa de profissionalização nas escolas. Pensei no quão profunda é ambição de oferecer estágios, treinamentos e cursos profissionalizantes para jovens que não querem ou não podem frequentar universidades. Existe ainda uma ideia fixa de que educação de qualidade quer dizer educação universitária para todos. Talvez falte o entendimento do próprio sistema de Educação em identificar as diferenças não só em disciplinas e áreas, mas as diferenças em ambições. Pasmem: há jovens que não querem frequentar uma universidade. Há um sucesso que independe de diplomas e há respeito nas escolhas. É claro, há países onde escolhas nem sempre são possíveis. Mas eu me refiro ainda mais à postura dos Educadores. É preciso celebrar essa diferença de desejos, ambições e aptidões. Se um aluno quiser ser carpinteiro, que ele tenha o mesmo respeito e oportunidade de se profissionalizar quanto um médico, um advogado, um seja lá o que for.

Sinto que quase a mesma coisa se aplica à literatura. Geralmente, e insisto aqui no "geralmente", são os acadêmicos e educadores, profissionais das letras que, particularmente, esnobam o que não consideram literatura de qualidade. Quando uma criança ou quando um jovem lê, seja lá o que for, é preciso celebrar. É um encontro com o livro, com a leitura, com o hábito. E pelo hábito acontece, eventualmente e com a ajuda de pais e professores, a vontade de provar de outras águas, outros autores, outras literaturas. Mas precisamos pisar no chão e entender que é possível não gostar de Shakespeare ou de Euclides da Cunha e isso não é um problema. Problema é perpetuar a noção questionável de privilégio, cujo ciclo deve ser quebrado por quem está dentro dele.

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