A Nara, de Londres, fala de um encontro inusitado na volta da escola.
A caminho de casa, da escola, uma mãe muito inglesa com aquela parcimônia tão característica veio me falar que o filho dela está gostando muito da minha filha. Sorri e senti doçura. Na hora, lembrei-me do primeiro recado que recebi, também com a idade deles, que alguém gostava de mim. Uma lacuna de décadas não apaga o encanto que é o primeiro brilho que sonha ser amor. Décadas não mudaram o presente mais significativo nessa idade: uma figurinha. A minha, do Bem-me-quer, queria abrir meu coração. Na da minha filha, o tópico preferido do momento: piratas. Além da figurinha do corsário, o recado dele: "diz que se quiser, construo um navio, só pra ela." O amor e sua mania de grandeza... Na minha figurinha, coração. Na dela, um barco. Nas duas, tanto início e sempre o mesmo.