“É preciso sair da ilha pra ver a ilha. Não nos vemos se não sairmos de nós.” Disse José Saramago em seu texto “O conto da ilha desconhecida”. Se viajar abrange nossos horizontes e se conhecer outros costumes, sabores, aromas nos faz reorganizar nossas predileções, viver por meses inserida num mundo de novidades é um convite diário a olhar pra dentro também e descobrir que quando o externo muda, muitas características e facetas nossas que nós nem conhecíamos acabam se precipitando, como aquele pozinho parado no fundo do copo, que quando mexido, toma forma e cor.
Fora da zona de conforto, impreterivelmente renascemos, mudamos. E apesar da vida corrida, percebo que existe em mim uma observação latente do novo que há fora, e principalmente do novo que está nascendo do lado de dentro. Morar no México dentre tantos outros benefícios, tem me trazido mais segurança enquanto à minha feminilidade, minha sexualidade e aguçado cada vez mais meu espirito aventureiro e minha fome de mundo.
No primeiro quesito, não sei explicar bem, mas aqui há uma latinidade especial que desperta o meu feminino, muito através dos (maravilhosos) regettones nas rádios, nas boates... o dançar “em casal” que aflora esse meu lado, muito mais do que as também sensuais musicas e ritmos que temos no Brasil. A sede de viajar talvez tenha sido alimentada pelo fato de que viajar dentro do México é absurdamente mais barato do que fazer uma viagem interna pelo Brasil. Aqui sinto e tenho mais possibilidades, fora o pequeno detalhe geográfico de estar coladinha aos EUA, perto de Cuba, o que também barateia o explorar internacional, muito mais do que se eu estivesse no Brasil. Morar na Cidade do México, me lembra muito a época em que morei em São Paulo. Ambas cidades são muito parecidas em certos aspectos: são metrópoles, local onde reside a grana do país, o ritmo frenético da cidade, os bons restaurantes, os excelentes serviços, o comprometimento com o trabalho, os engarrafamentos quilométricos, a superpopulação, o ar altamente contaminado.
Eu que tenho tatuado no braço um globo terrestre com um aviãozinho a sua volta, não perco nenhuma oportunidade que me aparece de zarpar pra algum lado desse país tão rico em sua pluralidade. E quanta coisa exótica encontrei pelo caminho, meu Deus! Desde uma criança com seu caranguejo de estimação numa coleira na ilha de Holbox, até dialetos imcompriendíveis que nada se parecem ao espanhol ou a qualquer coisa que eu tenha ouvido antes na vida, como me aconteceu no pequeno povoado de San Juan Chamula, no Estado de Chiapas.
Mas enfim, chega de lero-lero. Viciada pelo audiovisual, ainda cismo em tentar eternizar minhas experiências em vídeo quando é possível.
Aqui, compartilho um tiquinho dessas minhas andanças, desde que vim morar no México, por essa terra de muchachos e muchachas que mantêm viva sua historia, suas raízes e acima de tudo, sua essência.
Inté, pessoal!