Umas coisas mais emocionantes que eu já vi foi o cortejo fúnebre do rei Ricardo III. Quando eu poderia, um dia, imaginar que assistiria aos ossos de um monarca que morreu na última batalha da Guerra das Rosas em 1485, serem enterrados diante dos meus olhos? Descobertas assim sempre me impressionam demais.
Há pouco tempo foi descoberto na Irlanda um cemitério clandestino de crianças de mães solteiras. Em Londres, há dois anos, mais de 3000 esqueletos foram descobertos quando uma reforma da estação de Liverpool St começou. Foram pessoas que viveram durante períodos como os de Shakespeare, da grande peste negra, do grande incêndio de Londres.
E sempre penso nas coincidências de pessoas e momentos como o ator que passava por uma ruela perto do Tâmisa e observava as escavações de uma empresa que construiria, naquele local, escritórios. O ator pergunta o que encontraram e um homem responde que acharam o primeiro teatro de Shakespeare. Ele, claro, se referia ao
, já que o The Globe foi construído sete anos depois. Apesar do tesouro achado, a empresa iria adiante e construiria os escritórios conforme o combinado, não fosse por esse ator avisar Dustin Hoffmam, que estava em cartaz em Londres, sobre a novidade. Ali começou uma campanha feita por muitos atores, entre eles Allan Rickman, Joseph e Ralph Fiennes e Lawrence Olivier, já muito doente, para salvar o local. Sabemos que tudo deu certo e hoje podemos visitar o espaço e ver parte das ruínas onde foi encontrado um caderno com uma lista de peças em cartaz.
Chama a atenção um pagamento feito ao responsável pela montagem de "Titus Andronicus", um tal Wilm Shakespur.
Agora, imagina tudo aquilo que ainda não foi descoberto e tudo aquilo que a gente pode preservar.