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Foto do escritorDo Rio pra cá

Novos Ares

Atualizado: 28 de dez. de 2019


O que nos impulsiona sair de casa? Mais do que isso: o que nos faz decidir mudar de país? Eu sou daquelas que sempre amou ser brasileira. Tenho sangue português e africano. Tenho sangue indígena. Aliás, pobre do brasileiro que acha que não tem essa mistura correndo nas veias... Sempre tive muitas esperanças de que evoluiríamos. Me dói ver que tudo aqui é tão devagar... um país roubado desde a colonização... Tenho presenciado amigos e parentes voando pra fora daqui, procurando novas oportunidades. Muitos buscando pouso em países da origem familiar. Dia desses troquei mensagens com um amigo que contava que andara de trem, meia-noite, em Portugal, voltando do trabalho. Ele dizia ter perdido o medo de assaltos desde que se mudou pra Europa. Apesar disso, sentia saudade da família que deixou aqui, dos amigos, do quarto, dos livros... de tudo o que era "dele". Apesar do "banzo", não pensava em voltar. Sabemos que o que nos tira do lugar é um desejo de mudar algo que não vai bem. Ou crescer. Ou, as duas coisas. Mudar a casa de lugar, a vida, arriscar, nada disso é fácil. Mas, sair do "dominado" nos dá a sensação de recomeço. Sonho ainda com um Brasil onde a gente possa sonhar e realizar. Um Brasil que recolha nossos impostos e nos dê saúde, segurança, educação, oportunidades. Mas, antes disso, sonho com um Rio de Janeiro melhor. Rezo por uma cidade mais calma, bem cuidada e generosa com seus moradores. E, antes disso, desejo um bairro melhor, mais limpo e cuidado. E antes, arrumo minha casa. E arrumo meu coração...

A mudança começa dentro. Como uma pedra jogada no Rio, o movimento se propaga, de dentro para fora. O sonho que me leva pra longe é o desejo de ser livre. O mundo é uma gaiola. Meu mundo não é uma gaiola. Dentro de mim, tudo novo. Pisar numa rua nova pela primeira vez, renascer. O gosto do tempero novo, primeira vez, muitas primeiras vezes. Por um mundo imenso onde eu possa voar, com os pés do chão. Por um pouco de paz carrego o que posso. O que não cabe na mala, já está no peito. Dentro. Que o mundo seja grande pra alimentar o desejo. Que o mundo seja imenso pro meu intenso coração...

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