Com o sonho de formar um grande e poderoso exército, o Imperador Cláudio II proibiu a realização de casamentos, acreditando que os jovens se alistariam com mais facilidade se fossem solteiros. Mas esse não era o pensamento de São Valentim.
Se foi por pura rebeldia ou por pena dos jovens apaixonados, o certo é que o Bispo Valentim continuou realizando as cerimônias em segredo, até ser descoberto e preso. Durante sua prisão recebeu muitos bilhetes de jovens que diziam ainda crer no amor. E sendo o amor um feitiço, virou-se contra o feiticeiro. Valentim apaixonou-se por Julia, a filha de seu carcereiro.
Perdido de amor pela moça e sensibilizado por sua condição de cega, o Bispo a cura. No dia de sua execução lhe escreveu uma mensagem de amor, assinando: Seu Valentim. Um assinatura que se perpetuou até os dias de hoje, nos milhões de cartões de Valentine’s.
São Valentim foi executado no dia 14 de Fevereiro, iniciando dessa forma uma tradição para todos aqueles que se amam. Na Idade média esse dia também era conhecido como o primeiro dia de acasalamento dos pássaros, e a véspera de Lupercais – festa anual celebrada na Roma antiga.
Durante o Lupercais os sacerdotes desfilavam pela cidade, surrando as pessoas com tiras de couro para que tivessem saúde e fertilidade. Também era realizado um sorteio entre moças e rapazes, que viveriam juntos por um ano. Amigos e família do casal passariam o ano rezando para que o amor nascesse e se confirmasse entre os dois.
São tantas histórias incríveis envolvendo esse dia tão especial, que esse texto teria que se estender por laudas e laudas. Então vamos resumir: Hoje é Valentine’s Day!
Enquanto no Brasil a população se cobre de cinzas, aqui nos vestimos de vermelho. As vitrines se enfeitam de corações e flores. Sendo um dia muito explorado pelo comércio, o que realmente significa o Valentine’s Day para os Nova Yorkinos?
Resolvi parar em uma esquina (sim, no frio), para observar a reação da cidade que nunca dorme. Acostumada ao preto e cores escuras do inverno, me surpreendo com o vermelho nas toucas, sweaters, cachecóis. Todos querendo deixar claro que sabe exatamente que dia é hoje. Uma mulher de salto alto e sobretudo vermelho passa carregando uma bolsa no ombro e uma rosa na mão. Uma mulher empurra um carrinho de bebê onde está amarrado um balão em forma de coração. Um casal passa abraçado, dividindo um fone de ouvido. Eu vejo o brilho nos olhos e reconheço: Ah, o amor, l’amour, the love!
E não seria de se espantar que assim fosse. Desde os cartões trocados entre as crianças na escola às rosas que as colegiais carregam nos braços, os sorrisos, olhares furtivos, outros mais escancarados...o amor está solto na Big Apple. E está nas ruas como em qualquer outro dia, claro. Só que hoje ele está sendo celebrado no Brooklyn, no Meatpacking, no Harlem, no Upper East Side, no SoHo, em Chinatown, nos restaurantes, na fila do cachorro quente, nas estações do metrô. Passeia pelo Central Park, senta-se nos bancos do Bryant Park, desfila pela Quinta Avenida. Se enrosca nos Lofts, nas Penthouses e nos Studios. Hoje é Valentine’s Day.
Misteriosamente, muitas lendas e coincidências estão ligada a esse dia. É claro que amor independe de datas e presentes. Mas hoje eu sinto algo mágico no ar . Celebremos o amor que existe, o que se foi, o que ainda virá. O amor é inevitável. E São Valentim sabia disso muito bem.
Happy Valentine’s Day!
Música nova para comemorar o dia de hoje. Be my Valentine Forever
Dailza Ribeiro é escritora, cantora/ compositora. Iniciou sua carreira no Rio de janeiro e recentemente mudou-se para Nova York. Criada no Rio de Janeiro, a artista traz para dentro de suas criações o ritmo, a inquietude e a variedade cultural do burburinho carioca. Geminiana, espiritualizada e sonhadora, Dailza está sempre em movimento. Uma camaleoa assumida. Seja através de suas músicas ou de seus textos, seu maior desejo é alcançar o outro e deixar um legado de beleza e inspiração. Sua obra pode ser encontrada no website: www.dailza.com.br.