LA DOLCE VITA DEI BAMBINI
Outro dia aqui em Londres, no portão da escola, eu conversava com um pai de um garoto da sala da minha filha. A gente contava um pro outro sobre nossas férias de verão, pra onde fomos, se fez sol, essas coisas. Quando eu disse pra ele que levei meus filhos de 7 e 9 anos pra Roma por cinco dias, os olhos deles, em espanto, se arregalaram. Eu sabia o que ele pensava. Roma, por mais maravilhosa que seja, é uma cidade com um monumento atrás do outro, literalmente. Há referências Históricas e artísticas a cada passo. Eu que, francamente, acho que nada no mundo importa tanto quanto arte e cultura, fico deslumbrada, mas meus filhos nem tanto. A gota d’água foi ouvir do meu filho de 7 anos quando nos aproximamos do Coliseu: “não, não! Não aguento mais ver ruínas!” .
Passado meu choque que demorou quase uma hora, momento esse quando brigamos, nos desentendemos e julguei a falta de preparo de uma criança de 7 anos pra visitar Roma, eu, finalmente me dei conta: a despreparada era eu.
Apesar de ainda achar um desatino ter que ouvir de uma criança que está cansada de andar em Roma, eu entendo que o que me atrai na cidade eterna é bem diferente do que atrai meu menino de sete anos. No entanto, temos pontos em comum, e são esses pontos que estou interessada em investigar e explorar. Por isso, com base nos meus erros e acertos, listo aqui algumas dicas básicas para viajar com crianças e não se esquecer quando visitar capitais com os pequenos.
Seja realista com o seu roteiro
Antes de viajar, eu tinha em mente visitar a Capela Sistina, Ostia Antica, o Coliseu, o Vaticano, o Castelo de Sant’Angelo, a Fontana de Trevi, a Villa Borghese.
Como eu já morei na Itália e passava muitos finais de semana em Roma, sabia que era tranquilamente possível fazer esse roteiro. Roma não é difícil de percorrer. Bastava andar e pegar os ônibus certos. Correto? Errado. Subestimei o tamanho das pernas das crianças e andar por Roma passou a ser penoso. Um sol de quase quarenta graus fazia dos pontos de interesse ainda mais distantes. Claro, as famosas filas para essas atrações turísticas são conhecidas não por acaso. Realmente são quilométricas.
Pense com carinho no tempo das crianças
Vale a pena ficar 4 horas engatinhando para ver a Capela Sistina com as crianças? Não, não vale. Se, como eu, você faz questão de conhecer essas preciosidades, então talvez seja uma boa ideia planejar ir às capitais sozinha ou com um companheiro que curta as mesmas coisas. Ao invés, exploramos a praça São Pedro, onde as crianças brincaram de pique, beberam água da fonte, foram felizes. Fiz questão de leva-los ao Coliseu, como fiz questão de subir ao topo da torre Eiffel em Paris. Alguns clichês são inevitáveis e são mesmo deslumbrantes. Por esses eu estava disposta a enfrentar qualquer fila que fosse. Não que seja simples. Mas recomendo fortemente reservar entradas e bilhetes com antecedência, online, e levar um pequeno picnic com revistas e passatempos enquanto você torra na fila que parece não andar. É importante também dar uma ideia do que significa o lugar. Depois de informar pras crianças um pouco do Coliseu e dizer que lá aconteciam lutas de gladiadores, de repente a coisa ficou bem mais sedutora pra eles.
São férias. Seja gentil.
Se depois que você voltar de uma semana em Roma com suas crianças e eles te perguntarem, enquanto você desfaz as malas, quando serão as férias e pra onde vão, não se abale. É óbvio que pra eles férias significam praia, piscina, parques, e não exatamente as ruínas do império romano.
Ao perceber isso, incluí uma viagem de um dia todo na praia. Roma não tem praia, mas não longe da capital, fica uma joia de lugar chamado Sperlonga. Um vilarejo mediterrâneo cravado nos penhascos com ares de sul da Itália e Grécia misturadas. Os frutos do mar, a praia que mais parece uma piscina, os sorvetes, as boias, os castelos de areia. Ali minhas crianças foram muito felizes e eu consegui quase terminar de ler um livro, tamanha a tranquilidade! Vale a pena atender os pequenos. Além de ser justo com eles, o ditado “crianças felizes, pais felizes” não existe por acaso.
Converse antes sobre as atrações
A fonte dos desejos. Eu fui pedida em casamento bem ali, na Fontana de Trevi. Queria então, levar meus filhos pra conhecerem o lugar onde eu disse sim, mas também o lugar onde foi filmada uma das cenas mais célebres da história do cinema. Ali dentro daquelas águas, Anita Ekberg e Marcello Mastroianni viveram a La Dolce Vita de Fellini, um marco das artes!
Ainda assim, isso não foi suficiente para seduzi-los a desafiar a crescente multidão de curiosos que para em frente ao monumento para fotos. Contei então, que aquele monumento é uma fonte dos desejos. Jogue uma moedinha de costas e faça um desejo. Geralmente o desejo é retornar a Roma, o que já é um pedido bacana, mas outros também valem. Quando avistaram tanto dinheiro nas águas eles ficaram encantados com a ficção da coisa. Meu filho se recusou, dizendo que o desejo dele era ficar rico e por isso mesmo não gastaria moeda com desejo. Minha filha fechou seus olhos, elevou o rosto ao sol e desejou algo secreto. Moeda voou de sua mão bem dentro da fonte.
O que quer que tenham desejado, fico torcendo para que realizem.
Eu eu, torço pelo próximo passeio em uma bela capital cheia de monumentos, agora com as dicas básicas para viajar com crianças, um plano e mais sensibilidade com meus companheiros de viagem.
Quer saber mais sobre o amor eterno em terras estrangeiras? Que tal uma olhada neste meu post aqui?
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