O doce encontro com ingredientes que a gente conhece.
Não raro, acreditem, me deparo com um ingrediente que nem todo brasileiro ama: o chuchu.
Outro dia, convidei um casal queridíssimo de amigos, minha família brasileira em Londres – Oh God, e como precisamos dela! – para uma feijuca homemade. Claro que fiz a farofa, o arroz, e até pão de queijo. Mas, a minha estrela daquele almoço que virou janta (porque como é bom papear, beber e fazer as coisas com amor e calma né?), era o chuchu, finamente picado e refogadinho no alho, na cebola e na salsinha, como minha avó e minha mãe ensinaram. Morando fora, só o chuchu pra se sentir em casa, acreditem.
E aí veio aquela polêmica típica sobre o chuchu. Um dizia que não entendia essa coisa do brasileiro sobre o chuchu. Tão sem graça, coitado. Fica aí chupando os sabores dos outros. E o outro sentia como eu aquele cheiro de casa, aquela saudade reconfortada. O chuchu aqui tem nomes cheios de graça, dependendo da cultura. Chayote, pear squash, chouchou e tem mais um que não consegui recuperar apontado por uma amiga do Caribe. E ainda tem o chocho que descobri nas minhas andanças. O preço é sempre o mesmo, £1 por unidade. Não é barato mas, para mim, faz uma festa danada.
Picadinho, o chuchu rende à beça. Eu vivo sozinha, e um chuchu dá tranquilamente para dois dias, o que é bem prático. Cozinho bastante, mas sou uma fervorosa fã das sobras. Adoro transformar sabores. E como é bom ter um chuchuzinho ali, prontinho para ser incorporado em um curry ou em um escaldado qualquer.
O chuchu que encontro aqui nas lojas Off Licence, que são verdadeiras maravilhas de produtos da África, da Ásia, e alguns do Brasil, é um pouco diferente do nosso. Menos aguado e mais firme, digamos que tenha um gosto mais concentrado e textura distinta. No meu paladar, ele é delicado e só precisa de um salzinho para esbanjar a sua sutileza. Mas, isso pode ser só um sentimento. O chuchu é chuchu. E ponto.
Eu gosto de vários jeitos, além do que descrevi acima. Refogo e deixo cozinhar lentamente até ficar no ponto e quebrar alguns ovos para um mexido no brunch. Ou do jeito que minha avó fazia, picadinho dentro de um bom molho de tomate feito em casa, antes de jogar os camarões crus no final. o ponto do chuchu é entre rápido e médio, então tem que ficar atento para não cozinhar demais ou de menos.
Um amigo falou de uma farofa de chuchu incrível, que quero testar. E ainda tem o modo carpaccio, pois o chuchu gourmetizou, e ai de quem reclamar disso. E pra mim que estou morando fora, só o chuchu pra eu me sentir em casa de novo!
Um viva ao chuchu nosso de todo dia pelo mundo!
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