É hora de voltar pra casa. E quais são as minhas coisas que devemos evitar no Japão e não ter problemas neste mundo tão diferente?
Vou começar a relatar esses meus 11 dias de jornada pela “terra do sol nascente” pelo fim. No jantar de despedida com os amigos japoneses me fizeram a pergunta clássica: O que mais me impactou noesta minha primeira viagem ao Japão?
"Algo que não aparece na foto, que transcende a tradição e tecnologia que aqui caminham lado a lado e que me preencheu por inteiro, “A delicadeza ”.-respondi.
De fato me encantou a harmonia, a educação, a reverência, o silêncio, a dedicação ao servir o outro. Eles fazem de tudo para você se sentir bem. E isso se reflete em todas as áreas e com muitos detalhes preciosos.
Imagine um povo que ( quase) nunca diz não? No Japão dizer não é algo complicado. Como os japoneses valorizam a harmonia a todo custo, isso pode complicar ao usar certas palavras e eles dificilmente usam diretamente a palavra não. Normalmente preferem dar uma resposta indireta ao invés de recusar com um não. Da mesma forma, importunar alguém é uma falha séria e os japoneses agem de maneira a serem imperceptíveis ( invisíveis eu até diria) e serem agradáveis aos olhos alheios.
Andando por Tóquio ou Kyoto fui vendo um povo na sua maioria magro com um outro jeito de se comunicar. São estremamente servis ,não vi em nenhum lugar uma reação mais exaltada, falam baixo nos lugares públicos, na verdade sussurram. São uma massa de pessoas silenciosas, muito curioso!
Quando será que o Japão começou a se pensar diferente? Dizem por aqui que foi depois da guerra. O fato é que vi aqui um povo super educado, discreto que quer passar uma imagem tradicional, tecnológica e engraçada, positiva e animada e as vezes são como avatares, não parecem reais, reagem de uma forma engraçada e até meio infantil. Toda a comunicação deles, desde os anúncios nas tvs, as formas de andar, e muintas vezes de se expressar caricaturalmente, são uma reprodução quase animada dos quadrinhos, dos animes que eles tanto cultuam. As meninas reproduzem gestos , fazendo biquinho, segurando o queixo, inclinando a cabeça. Uma combinação de fofura e de erotismo. Adoram um uniforme escolar e o combinam com um olhar submisso, estão sempre animadas e tem uma voz aguda que parece a de uma criança.
Isso tem até um nome: Burikko , uma expressão usada para descrever pessoas (geralmente mulheres) que agem e falam de maneira infantilizada. As meninas, a grande maioria tem um ideal de pureza, algumas andam com os pés virados para dentro ( posição Uchimata), se vestem de "forma adorável” e cultuam uma imagem de si próprias de mulher submissa, serviu, fofa, doce, engraçada e frágil. É lindo ser Kawaii (fofa) para eles. E por outro lado, ser Lolita é mais que uma moda e aqui tem uma estética geral dos períodos rococó e vitoriano.
Mas vamos lá, o fato dos japoneses não dizerem não, não significa que você vai desconsiderar algumas convenções sociais importantes para eles quando sair por ai visitandoo país..
Aqui a minha lista de 7 coisas que devemos evitar e ficar atentos se quizermos ser bem vindo no Japão :
1) Falar alto no transporte público,
ouvir música sem fone de ouvido ou conversar no celular que deve o tempo todo ficar no silencioso, em qualquer lugar, para que o toque do celular não incomode ninguém.
Na verdade quando o japonês entra num trem lotado ele espera pacientemente sua estação chegar ou dorme, em pé ou sentado. Na hora do rush eles conseguem mais um lugar para alguém entrar, nunca reclamando, nunca falando alto. NUNCA.
2) Despeitar a Cultura da pontualidade
Quando a gente está de férias, costuma descansar e não se preocupar tanto com horários. Mas se você tem compromissos no Japão, como eu tive, é bom ficar bem atento e chegar antes- os Japoneses são extremamente pontuais, dizem que mais até que os britânicos. A pontualidade é levada muito a sério e nem 1 minuto é tolerado. Lembra do respeito com o próximo? E por isso são muito planejados. É uma falta de educação tremenda deixar o outro esperando.
3) Evitar o contato
Gosto de abraçar, dar beijos e sei que costumo rir mais alto do que devia, é mais forte que eu. Mas no Japão o povo evita o contato físico com a outra pessoa, como em geral aqui na Alemanha, então, estendi a mão para quem me estendeu, me curvei, em sinal de respeito, quando se curvaram para mim e para os mais amigos consegui dar um beijo e um abraço. Acho que eles gostaram.
4) Dar gorjeta
Trabalho e dinheiro são assuntos muito sagrados no Japão. Os japoneses são extremamente dedicados e honestos. Quando cobram um valor, é justo e deve ser pago exatamente o que foi pedido. É uma questão de honra. Não se deve dar gorjeta, pois pode ser entendido como se você tivesse muito dinheiro e por isso pode pagar a mais do que foi cobrado. Ou que você está menosprezando o trabalho da pessoa, sendo superior.
5) Esquecer de levar seu lixo com você
Na rua não tem lixeiras e a cidade é extremamente limpa. Você se sente muito seguro numa cidade como que é o dobro de São Paulo por exemplo. Cidades limpas como Tokyo, lotadas, com seus 44 milhões de pessoas sem lixeiras, sem sujeiras, sem assaltos, é fruto de uma base rígida, uma questão cultural de respeitar o outro os espaços públicos muito forte . A educação rigorosa do japonês, está ligada à tradições, a família e a religião.
6) Ter atenção com as tatuagens
Aliás quem tem tatuagens é melhor andar com elas cobertas e ter bastante atenção, no Japão elas são um sinal negativo e alguns lugares, como os onsen ( as termas) não aceitam quem tenha tatuagens, mesmo turistas. E a policia costuma ficar de olho. É que as tatuagens, no Japão, são um sinal de que as pessoas pertencem a máfia, e por isso não são aceitas em ambientes familiares. Tatuagens no Japão são uma ofensa.
7) Criticar o Padrão de beleza
Por mais que seja estranho para nós, é fundamental perceber que os padrões aqui são outros e diversos.
Algumas pessoas se recusam a pegar sol, tem obsessao pela pele branca e usam filtro solar ao máximo, chapéus imensos, roupas que cobrem as mãos, sombrinhas, óculos, máscaras, um país que as pessoas usam muitas máscaras e passeiam de kimonos.
O ideal de pureza, quanto mais branco mais "nobre", é uma das questões que chamou minha atenção na cultura. Japão é uma ilha e desde que vi do alto quando estávamos aterrizando, avistei a baia e a primeira coisa que eu queria era dar um mergulho no mar. Acostumada com o Rio, estava doida para dar aquele mergulho antes de passear. Ai descobri que mesmo estando colada numa baia, não existem aéreas de banho ou praias em Tóquio. Precisaria fazer uma viagem de uma hora uma hora e meia para ir a uma praia mesmo estando na beira da uma baia. Não faz parte da cultura, ser branco é o sonho de consumo e eles vão manter a qualquer custo.
É claro que posso listar tantas coisas do Japão , mas estas 7 dicas de como se comportar por aqui já são um super começo para ser bem vido. E já já conto para vocês o meu roteiro destes 11 dias em Tóquio e Kyoto Arigato gozaimasu!!!