Esses meus anos de Alemanha, mas, especificamente, na Bavária, me ensinaram e me fizeram entender muita coisa. Pois é, dia 6 de dezembro é dia de Papai Noel. Aliás, não existe Papai Noel na Alemanha. Daí, um dos meus aprendizados.
Já contei aqui e nos posts que o “Adventzeit” ou Advento é tempo de tradição na Alemanha. Outros países europeus também preservam essa lembrança natalina.
É época de comemorar as quatro semanas que antecedem o Natal. Elas simbolizam os quatro milênios pelos quais os homens na Terra esperaram pela chegada do salvador, Jesus Cristo. E, sempre começa num domingo.
Advento vem da palavra latina "advenire", que significa expectativa ou chegada, “zeit” (tempo em alemão).
PAPAI NOEL E O DIA 6 DE DEZEMBRO
E, aqui, começa a história do Natal, Papai Noel, meia na lareira, na árvore ou na janela.
Antes preciso falar um pouquinho sobre São Nicolau, St. Nikolaus. Ele foi um bispo católico que nasceu na região que hoje é a Turquia e morreu em Bari, Itália no ano de 350 dc. Sua família era rica e poderosa.
Aos 19 anos, abandonou a casa dos pais e se ordenou sacerdote. Depois, se tornou abade do mosteiro de Sion e bispo de Myra, antiga cidade que ficava também no atual território turco. Por causa de sua generosidade e de seus inúmeros milagres foi canonizado pela Igreja Católica.
Como o passar dos séculos e mais tardiamente seu nome e sua imagem (um homem vestido com roupas vermelhas, rosto corado e enorme barba branca) ficou associado ao Menino Jesus. e ao Natal. E, é claro, virou Santa Claus no inglês ou Papai Noel em português.
Na noite de 5 de dezembro, naqueles conhecidos mercados europeus de Natal , os Weihnachtsmärkte (esse ano estão proibidos por causa da Covid-19), há como se fosse um desfile de São Nicolau e dos “Krampus”, seres mitológicos dos Alpes que usam vestimentas e máscaras de demônios.
A Bavária é muito cristã. Igreja e lugares sagrados é que não faltam. Muitas das antigas tradições pré-romanas foram incorporadas à cultura da região. E, ainda são muito presentes no dia a dia do povo, como os tais demônios dos Alpes. Fascinantes e, ao mesmo tempo, apavorantes.
DEMÔNIOS E O NATAL
Passei por essa experiência há alguns anos. Meu marido e eu saímos para passear num desses mercados exatamente no dia 5 dezembro. Aliás, como sempre fazemos antes de voltar para o Brasil e para as festas de fim de ano.
A temperatura ia baixando. E, de repente, senti aquele frio na barriga quando ouvi os sinos que anunciam que os “Krampus” estavam por perto.
Barulhentos e com fantasias tenebrosas são de dar medo. Vinham em duas carroças com um homem coberto de carvão e peles, crianças vestidas de anjos e com São Nicolau, ou seja, aquele que seria a origem do nosso Papai Noel.
Depois, surgiram uns homens de palha e logo atrás uns demônios com guizos e varinhas na mão. Eles iam manchando de preto os rostos das pessoas no caminho e corriam atrás de algumas. Um deles acabou me dando com a vara no braço. Doeu muito! Tudo acontece como numa dança de representação.
A noite de 5 de dezembro é a noite para exorcizar os demônios. Na crença alpina é a noite para punir aqueles que não se comportaram bem no ano que vai acabando. As crianças morrem de medo e até choram. É nessa noite que os sapatos ou as meias são colocadas nas janelas ou fora de casa para a entrega dos chocolates e pequenos presentes.
O 6 dezembro é dia de São Nicolau. Ele morreu nesse mesmo dia no ano de 350 dc. Foi a devoção a ele e todas as lendas que cercaram São Nicolau e que o transformaram nessa figura até os nossos dias como Papai Noel.
Aquela história de que Papai Noel nasceu na Lapônia, no extremo norte da Finlândia, conhecida como a terra do bom velhinho, também faz parte de toda o clima mágico que envolve o Natal.
É época de espera, de fraternidade, de expectativa por melhores dias. Nada de perder a magia do Natal por conta da origem do Papai Noel, não é?
Continue seguindo o nosso time também no Facebook e no Instagram.
Commentaires