Pode ser que você nem imagine, mas acredito que esse possa ser aquele momento perfeito para programar um momento de descanso ou de férias. Atualmente, tem promoção de passagens ou de pacotes bem interessantes para diversos lugares do mundo, inclusive no Brasil
Se você se sente seguro e quer viajar, a hora de relaxar e fazer turismo interno é este ano. Tem lugares incríveis e com a vantagem de ficar bem longe da civilização, ou seja, com distanciamento social. Para mim é a viagem ideal. O Brasil tem lugares lindos, vazios, que parecem só seus. Então, quais são os lugares imbatíveis em relação custo-benefício?
Sem pensar duas vezes, o meu destino de praia, que vire e mexe repetimos, tem Porto Seguro na Bahia como base. De lá, partimos para aproveitar o sul da Bahia: Arraial d'Ajuda, Trancoso, Espelho, Caraíva, Corumbau. Que saudade: todos são lugares lindos.
A dica é fazer uma base para outras praias e passeios incansáveis. Com pouco tempo de deslocamento, você chega na “sua” praia . Tem pra todos os gostos, desde as mais agitadas - que estou sempre fora - ou aquelas mas tranquilas, quase vazias. Nas ultimas férias, antes da segunda onda de Covid-19 pelo Brasil, finalizamos nossa viagem revisitando uma das praias que mais me emocionaram por este mundo e que está ameaçada: Coroa Vermelha.
A HISTÓRICA COROA VERMELHA
A praia de Coroa Vermelha fica numa enseada entre Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália. Faz parte da rota do descobrimento. É um sítio histórico importantíssimo para a história do nosso país. Nela foi rezada a primeira missa em 26 de abril de 1500. Areia é branquinha como talco, as águas são tranquilas, quentes. Coroa Vermelha sempre foi uma das nossa praias preferidas. Assim, que chegamos na pousada, fomos ver o final do dia por ali. Era uma das praias mais lindas do mundo pra mim. Não é mais. O paraíso está sendo ameaçado.
Por ser uma praia a 20 minutos de Porto Seguro, com facilidade de estacionamento e transporte viável (ônibus urbanos e de excursões bugies, vans, carros de aplicativos, táxis, etc...) sempre foi um destino fácil de chegar. Hoje, Coroa Vermelha se tornou a praia mais movimentada da região e o destaque principal da rota do descobrimento .
O caminho principal para a praia passa por uma rua com diversas lojinhas onde se realiza uma feirinha, que fica na entrada da aldeia Pataxó. Antigamente, a feirinha tinha vários estandes de artesanato pataxó. Lembro de ter visto um artesão fazendo, em frente aos clientes, cocares, pulseiras e outros tipos de adereços. Hoje, as lojas de biquínis baratos e saídas de praia ocupam o lugar das lojinhas dos índios.
AS CRUZES DE COROA VERMELHA
Depois de lutar para nos esquivarmos da multidão, no final da feirinha, chegamos às principais atrações: as cruzes. A cruz de madeira, que lembra a do séculos 15 e 16, que veio para o Brasil na esquadra portuguesa, sinaliza que naquele lugar foi rezada a primeira missa, está num canto sem nunhum destaque.
A nova cruz em aço inoxidável foi construída por ocasião da comemoração dos 500 anos tem 16 metros de altura e pesa 3 toneladas. Está no final da rua da feirinha, no meio da praça e a caminho da praia, a mais ou menos 100 metros de distância da antiga que parece abandonada.
Passando o paredão de incontáveis cabanas, finalmente conseguimos chegar à praia. Na Ponta do Mutá, a areia avança da enseada em direção ao mar, o que possibilita a formação de piscinas naturais na maré baixa. Era, sem dúvida, o melhor lugar para um mergulho em toda a orla.
No entanto, é lamentável ver no que se transformou este pedaço especial do Brasil. Considero um dos espaços de maior densidade demográfica de toda Costa do Descobrimento. É como se fosse um muro de cabanas grudadas que tomam a faixa estreita da areia com cadeiras, mesas, guarda-sol. É um apinhado de pessoas com lixo acumulado, som alto e cheiro de óleo queimado. Nossa, fiquei bem triste com este turismo predatório. Eu amo este lugar desde a primeira vez que conheci.
Alguns anos atrás, ao chegar no final da feirinha de Coroa Vermelha, onde hoje tem a cruz de aço, havia uma vista aberta para o mar. Era deslumbrante. Um sonho. Mas a partir de 2010, os próprios índios Pataxós foram invadindo as áreas da Marinha e construindo as cabanas de praia. Isso é feito por toda a orla em nome do turismo e da sobrevivência. É muito difícil você rever um lugar especial e constatar a sua degradação. Definitivamente, o ser humano não tem maturidade para ter acesso fácil ao paraíso.
Mas, conseguimos abstrair. O por do sol em Coroa Vermelha é demais. No dia seguinte, fugimos do caos. Buscamos os trechos vazios da praia nos deslocando para a esquerda em direção ao rio. No final do dia, embarcamos de volta para o Rio de Janeiro.
Sim, dá para se isolar por ali também. Enquanto, isso esperamos que o tão falado reordenamento de toda orla de Coroa Vermelha aconteça um dia.
A natureza agradece. A praia é um paraíso terrestre.
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