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Foto do escritorDani Paiva

De Londres: o olho vivo nas redes sociais achou meu amigo


Ballontine de peito de frango por Robert Augustin
Ballontine de peito de frango: esse prato derrubou meu amigo no Masterchef inglês.

Essa semana, eu tomei um baita susto por conta de uma lambada tecnológica. Passei a pensar que temos que ter olho vivo nas redes sociais.


Meu querido amigo Robert Austin, uma lenda das pistas de dança e um talento na cozinha de precisão alquímica, sumiu por dois dias.


Ele mora em Blackpool, na costa oeste da Inglaterra, a 3 horas de trem de Londres. Os pais já se foram há tempos, filho único. Não tem muitos parentes vivos.

Robert não é de Blackpool. Natural de Yorkshire, nos conhecemos quando eu morava em Norwich e ele fazia sucesso promovendo supper clubs (jantares) e ministrando aula de dança. Passava por um divórcio complicado e dolorido. Nos aproximamos por causa da paixão pela gastronomia e pela cultura.


Ele participou do MasterChef e chegou à semifinal. Foi vencido, como ele mesmo diz, pelo excesso. Seu prato tinha muita coisa rolando ao mesmo tempo e acabou perdendo a alma. Agora está devidamente equilibrado em sabores e ingredientes.


Robert passou uma semana comigo depois de mais de 18 meses de bate-papo só por telefone. Conversamos muito, rimos muito, ele cozinhou muito enquanto eu me afogava em deadlines. Nos arrumamos muito para uma festa no Groucho Club à convite de amigos dele da literatura, das artes e dança.

Brigadeiro, Pixabay
Apresentei o brigadeiro ao meu grande amigo inglês, Robert. ( Foto: Pixabay)

Levei-o para conhecer um dos sambas que é feito em Londres. Ele me agradeceu pela insistência e pela chance de receber tantos abraços, sentir a energia confraternizadora, o ritmo, a dança. Tudo. Até brigadeiro esse inglês amou.


Pois bem, na terça-feira nos falamos. Na quarta, mandei uma mensagem perguntando sobre uma entrevista que ele tinha feito para um trabalho. E, nada.


O WhatsApp dele acusava a última visita às 23:23 da terça-feira. Mas, já era quarta de manhã. Depois, quarta à tarde, a mesma coisa, nem os dois “pauzinhos” azuis de mensagem recebida, nem nada. Ataquei a mensagem por telefone: “Ei, cadê você?”


Segui na tentativa de comunicação: Instagram, Facebook. Nada!


Na quinta-feira, acordei ansiosa por alguma notícia e me deparei com o mesmo cenário: mensagem do WhatsApp parada. Silêncio.

Entrei em pânico. Imaginei Robert jogado no chão por alguma razão repentina. Tanta notícia ruim recente, meu coração apertou.


COMO ACHEI MEU AMIGO


Por sorte Robert foi roubado recentemente e postou o caso no Facebook. Encontrei o contato aberto de uma amiga nos comentários e a acionei. Ela é vizinha dele e sabe os acessos à casa.


Robert foi encontrado bem e levemente insano na sua sanidade de costume. Seu telefone havia parado de receber dados e ele sequer percebeu. Quando retomou a vida conectada, me agradeceu, pois se não tivesse dado o alarme, não teria descoberto que havia sido aceito para um novo trabalho.


Confesso que me estressei um pouco e pedi com uma certa veemência de bronca para que ele anotasse o meu número como emergência e deixasse visível na casa. Aliás, vou fazer o mesmo.


Me levou a pensar em um monte de coisa. Pensei sobre vida só, a vida fora do Brasil, a vida, as escolhas, as previdências, a saúde mental, física, tecnológica. Pensei, sobretudo, sobre com o é necessário manter as nossas redes atentas, como precisamos ficar de olho vivo nas nossas redes sociais. Podem nos salvar.


Nosso time continua postando também no Instagram e no Facebook. Não deixe de acessar.

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