Vamos lá! Agora, vou contar um pouco mais sobre a minha vida de uma carioca que está fora do Brasil há quase 30 anos. Dessa vez, a minha vida na Inglaterra, onde desci do salto.
Quando cheguei à Inglaterra o choque cultural foi mais marcante maior do que quando cheguei ao Japão. Mesmo porque em terras japonesas, apesar de não ter sido uma experiência turística, não era uma situação permanente. Era uma questão passageira por causa do trabalho de modelo.
DEIXEI DE LADO A VIDA DE PRINCESINHA E VIREI PLEBEIA
Logo que cheguei percebi que os ingleses não são naturalmente simpáticos, apesar de eu ter sido muito bem tratada sempre. São educados, mas só até antes da bebida. Depois de alguns goles tudo pode mudar. Ficava chocada com o que via. Eu não curtia essa vibe, o que me fez até desistir de ter filhos. Não curti o estilo de vida e a mentalidade do lugar.
Aprendi a cozinhar, pois quando me mudei meu marido estava começando uma nova carreira. Não tínhamos a possibilidade de pagar restaurantes caros. Os mais básicos eram péssimos. Hoje em dia, o nível dos cardápios dos restaurantes mudou. E, ainda bem, que para melhor.
O temperamento do inglês, seus costumes nada saudáveis, o tempo constantemente frio, nublado ou chuvoso definia a expressão ‘50 tons de cinza’ literalmente. De uma forma perfeita. Minha vida de princesinha no Brasil foi detonada e substituída por uma vida de uma plebeia bem comum.
DESCI LITERALMENTE DO SALTO ALTO DA VIDA DE PRINCESA NO RIO
Um dos erros é achar que a vida fora do Brasil pode ser glamourosa. Não é! Tive que mudar. Ou melhor, adaptar meu comportamento. Aquela coisa expansiva brasileira, aquele ar de artista de TV foram totalmente abandonados. Fui aprendendo nessa estrada da vida, mesmo que nesse caso fosse uma estrada global.
Nossa casa ficava em Royal Borough of Windsor and Maidenhead. É nessa região que fica o castelo de Windsor. Bem, a realidade inglesa não é de um monte de empregados, de gente trabalhando, fazendo serviços por você...a não ser que você seja multimilionário ou da família real.
Você acaba lavando carro, fazendo a jardinagem, e até, no meu caso, pintando um apartamento de 2 quartos grandes e uma casa com 3 e 2 andares. Tudo porque recusei pagar um preço ridículo. Bem, eu até poderia pagar, mas me arrisquei. Por outro lado, foi ótimo. Tirei o salto e desci do meu pedestal.
VOLTEI PARA A UNIVERSIDADE, MAS ACABEI LARGANDO
Entrei de novo em uma universidade para cursar Comunicação. Fiquei só por alguns meses. Trabalhei também em um vídeo club super cult, na Nine West (loja cool de sapatos) por 7 anos e em um YMCA , tipo um clube de ginástica. E, ainda rolou uma revisitada ao meu ex-mundo de modelo. Adoro essa diversidade toda. Isso me anima muito.
E, assim, lá se foram 10 anos na Inglaterra. Até tentei voltar com meu marido para o Rio nesse meio tempo. Fiz até um curso de professora de inglês para adultos administrado por Cambridge. Ou seja, posso dar aulas de inglês em qualquer lugar do mundo.
Acabamos desistindo da mudança para o Rio porque meu marido não domina muito bem o português. E, até hoje! O idioma era também uma dificuldade para ele na procura por um emprego. Resolvemos voltar e fixar residência na Inglaterra.
NUM CERTO MOMENTO, CANSEI DA VIDA NAS TERRAS DA RAINHA
Chegou um dia que pensei: já deu! Foram dez anos de uma intensa experiência britânica. E, por nunca ter tido amigos brasileiros, acabei em um gueto cultural. Falei para o marido: “ ache um emprego em um outro país. E, de preferência um que eu não fale a língua inglesa”. Adoro falar outros idiomas.
Aí, surgiram duas opções: Roma na Itália ou Basel na Suíça. Amo a Itália, porém, ela é tão ou mais desorganizada do que o Brasil. Suíça me pareceu perfeita. Logo à primeira visita me apaixonei. A língua para ser aprendida seria novamente o alemão. Eu já tinha alguma ideia do idioma da temporada que passei em Heidelberg na Alemanha. Entrei para uma escola e fui melhorar o meu alemão.
No próximo texto, vou contar o que aconteceu entre essa decisão de ir viver na Suíça, sair de lá e, em 2020, voltar. Me aguarde.
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