Aqui, isolada no meu cantinho no Rio num dia de sol do outono carioca – a mais linda estação do ano – sigo refletindo a respeito desses tempos estranhos. Tempos estranhos que viraram o mundo de ponta cabeça. A pandemia do novo coronavírus mudou as nossas vidas. Mudou meus hábitos. Mudou minha visão de vida.
Minha atividade física, por exemplo, sempre foi quase diária. Pilates, dança, musculação, ciclismo indoor, tudo na academia. Fechou no dia 17 de março. De la pra cá, faço algumas séries que o treinador me enviou. Em casa mesmo. A professora de Pilates se organizou e dá aulas pela plataforma Zoom. É ótimo ter a companhia da turma.
O que faz parte dos meus dias: muita leitura. Escrevo também muito. Nem sei o que vou fazer com esses textos. E, é claro, que as tarefas domésticas tomam boa parte do dia. Ainda mais agora que a gente precisa “lavar as compras”.
E DAÍ SE ESSE VÍRUS NÃO PEDIU LICENÇA PARA FAZER PARTE DAS NOSSAS VIDAS?
Apesar das pesquisas, a vacina, segundo os especialistas, não fica autorizada para uso em menos de 18 meses. Isso levando em conta o sucesso dos testes e, principalmente, o processo de distribuição. Ou seja, e daí com o que pode acontecer com cada um de nós?
As tentativas para o tratamento parecem cada vez mais soltas, sem rumo. Parece que tudo está na base da tentativa e erro. (Vez por outra, assisto à defesa de uma ou outra substância. Parece briga de torcida.) Algumas com sucesso em determinados casos, outras não. E, nós seguimos sem saber como agir, o que esperar.
Faltam mais equipes de saúde, equipamentos médicos. Faltam coordenação e liderança. Esse vírus pegou todo mundo de surpresa. Entrou nas nossas vidas sem pedir licença. Expôs sem dó ou protocolo as mazelas do mundo e das autoridades.
E, a gente vai “deixando a vida nos levar” sem saber até onde, até que porto, até que data.
CONTINUAMOS EM ISOLAMENTO SOCIAL NESSE OUTONO CARIOCA
Aqui, no Rio de Janeiro, o isolamento social foi prorrogado até 31 de maio. Há, no entanto, a possibilidade de lockdown se o contágio permanecer se espalhando. Algumas cidades do Grande Rio já adotaram medidas mais restritivas.
As pessoas estão custando a acreditar na virulência da doença. Ou quem sabe, não querem acreditar. Permanecem na letargia de que isso só aconteceu ou acontece em outros países, mesmo com as insistentes imagens e notícias exibidas em tudo quanto é tipo de mídia. Poderiam colaborar um pouco mais. Ajudaria!
Como já disse, amo o outono carioca. Pra mim, a melhor época do ano para passear por aqui. O céu é de um azul quase sem nuvens que provoca meu olhar. A temperatura oscila muito pouco. À noite, dá até para curtir um edredom mais pesadinho.
E, sol? Ah, o sol de outono é brilhante, límpido. Por causa da diminuição do movimento de carros devido o isolamento social há menos poluição, menos poeira. Assim, a luminosidade é maior ainda. É mais vibrante.
Fico da minha janela apreciando a luz outonal. À tarde, ela entra rasgando as venezianas da sala e do quarto. Linda! Pra mim, é um momento de alegria em meio às notícias tristes e desalentadoras dessa fase. É um carinho. É uma força para continuar em frente. Continuar para chegar ao porto final e feliz dessa insólita viagem de 2020.
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