Festas natalinas não são unanimidade. Tem gente que gosta muito. Outros odeiam com todas as forças do ser. E, ainda há gente que não está nem aí para Papai Noel, para o peru com fios de ovos, rabanadas, chester, frutas cristalizadas ou para o polêmico arroz com passas. O time do “Do Rio pra cá” se inclui no primeiro grupo. Nós gostamos do Natal, de encontrar nossas famílias, compartilhar afeto, fazer a ceia em conjunto, de brindar a vida, seja no país que for.
Nesse post, cada uma de nós escreveu sobre um Natal marcante nas nossas vidas. Abaixo, as oito histórias que aconteceram em datas e locais diferentes que tornaram aqueles Natais inesquecíveis.
DATA ESPECIAL por BETE ANTUNES
Amo o Natal. Adoro a confraternização em família, a decoração, as luzes, tudo. Por isso, meu Natal inesquecível é o de 2021, quando comemorei com meu pai essa data tão especial em Portugal. No ano seguinte, infelizmente, ele já não estava mais entre nós. Confesso que fico triste, é horrível perder quem a gente ama profundamente. Mas, como ele sempre gostou do Natal, e do réveillon também, quero só lembrar das coisas boas, dos momentos felizes que vivemos em família. No dia 24, o mais importante, acreditem, é receber um abraço de quem a gente ama. Pra mim, esse é o espírito do Natal.
NATAL BRASILEIRO por DAYANE SILVA
Foi na adolescência que vivi um dos Natais mais incríveis. Minha mãe, minha avó e eu fomos para um Clube Resort em Guarapari, Espírito Santo, no Brasil. Viajamos em um ônibus de turismo. Desfrutamos de tudo: da estrada, do momento de estarmos juntas e, principalmente, da energia do local quando lá chegamos. O clube estava decorado com luzes de Natal, havia bandas musicais e muita alegria e animação. Tudo muito organizado e impecável, não precisamos nos estressar com a ceia nem com o café da manhã. À meia-noite, tivemos a surpresa da chegada do Papai Noel com presentes e apresentações para todos os hóspedes, adultos e crianças. Foi uma noite muito animada, divertida e musical com jogos e danças coletivas no ritmo brasileiro, mas com a vibração natalina que reuniu muitas famílias e amigos.
DÚVIDA SOBRE O PAPAI NOEL por GUIGA SOARES
O mar do Caribe separa minhas famílias. Meu pai era brasileiro e minha mãe nasceu na República Dominicana. O Natal sempre era celebrado na velha casa da vovó que vivia em São Cristóvão no Rio de Janeiro. Morávamos num subúrbio carioca distante com dificuldade de transporte, principalmente, em datas festivas. Portanto, íamos para o lar da família brasileira no vinte e quatro e só voltávamos no dia seguinte quando, enfim, meu irmão e eu descobríamos se Papai Noel havia deixado algum presente.
Certo ano, passei noites e noites vigiando a árvore de Natal na esperança de ver o pacote do meu pedido. Minha mãe acordava e tentava me explicar que ainda não era o momento. Em vão. Dia seguinte, eu voltava para a vigília.
Passei a véspera desse Natal calada. Quando chegamos em casa, já no dia vinte e cinco, meu pai entrou primeiro para abrir a porta da sala. Fiquei como uma estátua de jardim. Ele perguntou por que eu não me mexia. Hesitei. Depois de alguns instantes, enfim, comecei a caminhar devagar. Ao lado da árvore, lá estava ela: a bicicleta amarela com laços brancos no guidom. Eu não disse uma palavra. Só pensava como Papai Noel havia conseguido entrar se a nossa casa não tinha chaminé e as janelas e portas sempre ficavam fechadas.
ENCONTRO COM O CORAÇÃO por JAQUELINE FIGUEIREDO
Em minhas doces memórias, o Natal era sempre acompanhado de um grande dia de calor, celebrado após um mergulho no mar. Ao anoitecer, o som era ligado e um bom samba marcava o início do clima de uma longa e divertida noite. A família, com as bochechas rosadas — já que quase todos esqueciam de passar protetor solar —, dava início a uma celebração que se estendia até às 5h da manhã. Os Natais dos últimos anos seguem um caminho oposto àquela inesquecível tradição carioca. O calor e o mar deram lugar ao frio e à lareira em Portugal. Os famosos filmes norte-americanos, onde o Papai Noel (ou seria melhor o Pai Natal?!) surpreende a todos ao descer pela chaminé, passaram a ser mais próximos da realidade portuguesa. As luzes iluminam as cidades, as paradas de Natal tornaram-se cada vez mais comuns e as lareiras lançam suas fumaças pelo ar gelado.
Agora, ao escrever perto do aconchego de uma lareira, refletir sobre o que seria um Natal inesquecível acaba por deixar tudo isso de lado. As festas calorosas e duradouras no Rio de Janeiro ou as celebrações no frio português, tornam-se apenas cenários. No fim, o que realmente importa são os encontros, o carinho partilhado e a presença uns dos outros. É no brilho dos olhos de quem amamos, nos abraços apertados e nas risadas que ecoam pela noite que o verdadeiro espírito de Natal se revela. Seja no calor ou no frio, o Natal é sempre onde o coração encontra casa.
NATAL NO FRIO por JULIANA PFLAUMER
Um Natal no frio no sul da Inglaterra em um vilarejo chamado Southwater com mais ou menos 10 mil habitantes. Assim são, há 5 anos, meus Natais, bem diferentes do calor e da praia que eu estava acostumada. Agora, as festividades começam com uma bela caminhada com a família do meu parceiro pela floresta que sempre desemboca num maravilhoso country pub para tomarmos uma cervejinha antes de voltarmos para casa e começar a comilança. Dividimos o menu, cada um leva um prato e, dessa forma, ninguém fica muito estressado. Comemos e bebemos até altas horas e sempre terminamos com muitos jogos de tabuleiro, um hábito cultural que aderi rapidamente. Aqui, há jogos e tabuleiros em quase todos os pubs. Feliz Natal a todos e um ótimo 2025.
COM A LAREIRA ACESA por MITZI EVELYN
Em 2023, eu posso dizer que passei um Natal inesquecível. Foi o primeiro que passei no inverno, com a lareira acesa e com a “grande família” reunida em Portugal. E que bom que foi ter os nossos amores todos juntinhos. Foi um típico Natal com ceia feita em casa, drinks a gosto, muita risada e aconchego, o que para mim significa absolutamente tudo em que acredito para as festas natalinas. No entanto, ano quem vem podem me perguntar de novo. Realmente, espero que inesquecível mesmo, seja o Natal que ainda está por vir.
A CAIXA DE NATAL por NARA VIDAL
Natal lá em casa sempre foi das melhores festas. Minha mãe adorava. Cozinhava em fúria, dias e dias. No dia vinte e quatro, feito um milagre, uma mesa linda como se não tivesse dado trabalho nenhum, estava lá posta para a celebração: enfim, a ceia de Natal. E, agora, pela primeira vez em tudo isso caberia a minha falta. Era o meu primeiro ano em Londres longe de casa.
Pensei em inúmeras formas de me fazer presente. E, decidi comprar uma caixa dessas bem grandes. Lá dentro, coloquei a única doçura que era possível transportar: chocolates, bolos, biscoitos, caramelos, balas e um lindo e enorme cartão de Natal. A caixa chegou a tempo. Minha mãe, ao telefone, chorosa, lamentava uma festa sem mim. E, curiosamente notou:
— Filha, obrigada por tanta doçura na caixa. Mas, estranhamente, algumas caixas de biscoitos vieram abertas com coisas mordidas e faltando.
—Sim, eu sei. Fui eu. Era bom testar se aquilo tinha qualidade.
Aquele meu ato imaturo de comer partes do que era pra ser presente, foi tudo o que faltava para que minha mãe sentisse que, sim, eu estava ali.
NATAL MÁGICO EM LISBOA por NATÁLIA GAUTREAUX
Foi em 2017 que vivi um Natal mágico. Naquele ano, minha família e eu decidimos - todos cariocas - viajar para Portugal e passar um mês explorando cada cantinho do país. Era dezembro e inverno, mas, apesar do frio característico da estação, nos deparamos com dias lindos de sol, que deixaram a atmosfera ainda mais encantadora. Essa viagem nos proporcionou memórias únicas e mudou o rumo de nossas vidas. A partir daquele Natal, decidimos que Portugal seria o nosso novo lar. Sempre que penso naquela data, percebo que foi mais do que uma celebração: foi o início de uma nova etapa para mim e para minha família. Já estou a mais de quatro anos em terras lusitanas.
A MAGIA NATALINA NA ALEMANHA por SONAIRA D`ÀVILA
Lembro bem do meu primeiro Natal na Alemanha com direito a um pinheiro verdadeiro, frio e neve do lado de fora da janela festejada com o "Schneemann", o tradicional e conhecido boneco. Me lembro do meu marido tocando sinos e me chamando para abrir a porta onde o pinheiro estava. Hora de acender cada vela, o Natal branco "Weisse Weinachten". É tudo muito mágico. Só aí entendi o Natal.
Os mercados de Natal alemães, inspirados nos mercados das ruas medievais, Weihnachtsmärkte” ou “Christkindlmärkte” brotam a cada esquina. Os dias curtos e escuros se iluminam. É tempo de confraternizar com os amigos e tomar um vinho quente, Glühwein. Outro detalhe muito interessante: cinco de dezembro é dedicado St. Nikolaus, o Papai Noel, com roupas vermelhas e brancas desfila pelas ruas com sua legião de anjos e demônios. Na manhã seguinte, as meias ou os sapatos das crianças deixados na janela recebem chocolates e presentes se elas se comportaram bem durante o ano.
Normalmente, os alemães não fazem uma grande ceia, mas, sim, três pequenas ceias com os parentes. Os perus ou chesters tão comuns nas ceias das casas brasileiras dão lugar aos gansos, salsichas ou carpas. O vinho não pode faltar seja na parte do país que for. A noite do dia vinte e quatro é chamada de "Heiligabend". Vinte e cinco e vinte e seis são o primeiro e o segundo dia de Natal, respectivamente. Esse último é feriado na Alemanha, quando se celebra, também, São Estevão, considerado o primeiro mártir do Cristianismo.
Feliz Natal a todo mundo. Esperamos que todos recebam a energia de um abraço verdadeiro e as alegrias dessa época de confraternização e união.
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