E, de repente, estamos na França. Uma hora de carro, saindo de Mannheim, rodando 80 km pelas maravilhosas Autobahns alemãs. E, chegamos a Wissembourg na fronteira entre a França e a Alemanha, apelidada como a Veneza da Alsácia pelos seus vários canais como o rio Lauter.
A fronteira é tão sútil que só percebemos que já estávamos na França por causa das placas de trânsito que deixaram de estar escritas em alemão e passaram a estar em francês.
Wissembourg é uma pequena cidade no norte da região da Alsácia com mais ou menos 7.800 habitantes a 60 KM de Estrasburgo (França) e a 35 KM de Karlsruhe (Alemanha). Surgiu de um aglomerado populacional no século 8 em torno de uma abadia beneditina que depois se transformou em catedral.
Nesses séculos desde o seu surgimento a cidade da região do baixo-Reno foi incorporada ao território francês depois de 1648 e em 1871, foi anexada à Alemanha. Voltou a ser francesa em 1919.
Em 1940, durante a II Guerra, passou a ser de novo de domínio alemão. E, somente em 1944, voltou a ser definitivamente parte da França.
CENÁRIO DE FILME
O centro de Wissembourg parece que parou no tempo. Medieval, é claro. Se não fosse pelos poucos carros modernos e uma ou outra placa de trânsito a gente poderia dizer que não estava em 2020. É surreal.
Algumas vezes, me lembrou cenário do filme “A Bela e a Fera”. Esse ambiente ficou mais interessante pelas cores do outono e pelo vento que soprou no fim da tarde.
Mesmo nessa fase do estranho ano de 2020, tudo conspira para que o visitante curta a atmosfera medieval. Na sua maioria, visitantes internos dos dois países. A área de estacionamento, por exemplo, é fora da região central da cidade, é fácil de acessar e sem cobrança. E, tem um banheiro público.
Até o supermercado Carrefour é no estilo express: pequeno e no fim da rua principal. Nada de atrapalhar o desenho histórico das casas, pequenos prédios, igrejas, muralhas ou pousadas. Tudo conspira para manter o clima de pequena vila medieval.
Caminhar por essa área histórica é como se a gente estivesse num cenário. Sem dificuldade alguma, descemos a rua principal e chegamos a um largo de onde se vê a Catedral de São Pedro e São Paulo. Um exemplo da arquitetura gótica do século 13, a igreja, hoje a principal da cidade, está no mesmo local onde a abadia beneditina foi construída.
A igreja tem vitrais lindíssimos que, segundo os historiadores, foram instalados nos séculos 14 e 15. Parte da sua estrutura foi vandalizada durante a Revolução Francesa no século 18. Mas, ainda conserva, por exemplo, um afresco com 11 metros de altura na parede lateral direita do altar que representa São Cristóvão.
DOCES FRANCESES PARA A SOBREMESA
A fome bateu. A escolha foi um pequeno restaurante no início da rua principal. O cardápio, como não podia deixar de ser, foi quiche com salada. Mas, a sobremesa foi em uma das “pâtisseries” que existem na cidade. Esse foi outro detalhe que garantiu que de fato estávamos na França: os doces maravilhosos nas vitrines bem arrumadas e coloridas.
Passamos uma tarde super agradável. Curtimos essa ideia de sair da Alemanha e ir almoçar na França. Mas, o vento do fim da tarde nos avisou que era hora de voltar.
Não sem antes passar na fantástica loja de sabonetes e perfumes “La Maison du Savon de Marseille”. Amamos. Pequena, repleta de diferentes essências e cores. Fica ao lado de um pequeno canal com flores e plantas. Dica: o sabonete de lavanda é especial!
No retorno a Mannheim, abandonamos a Autobahn. Optamos pela Weinstrasse, uma estrada interna e sinuosa que corta essa região do oeste da Alemanha repleta de vinhedos. O visual das parreiras sob o sol de outono de fim tarde foi maravilhoso.
Passamos por várias vilas e pequenas cidades. Como é época de “vinho novo” (neu wein), os pequenos produtores montam barracas na beira das estradas e ruas para a prova do vinho, e, é claro, vender. As empresas maiores abrem suas caves para a degustação.